História

O GRÉMIO LITERÁRIO foi criado por carta régia de D. Maria II em 18 de Abril de 1846 – “considerando Eu que o fim dessa associação é a cultura das letras e que pela ilustração intelectual pode ela concorrer para o aperfeiçoamento moral”. O Grémio teve entre os seus fundadores as duas principais figuras do Romantismo nacional, o historiador Alexandre Herculano (Sócio nº 1) e o poeta e dramaturgo Almeida Garrett, e ainda o romancista Rebelo da Silva, o dramaturgo Mendes Leal, e grandes personalidades da vida politica do liberalismo, como Rodrigo da Fonseca (que redigiu os estatutos), Fontes Pereira de Melo, Rodrigues Sampaio, Sá da Bandeira, Anselmo Braancamp, o futuro Duque de Loulé, e da ciência, da economia e da velha e da nova aristocracia. Com sedes sucessivas sempre na zona do Chiado, “capital de Lisboa”, e passando pelo célebre palácio Farrobo, o Grémio Literário instalou-se, finalmente, em 1875, no palacete do visconde de Loures, na rua então de S. Francisco. É um edifício exemplar da arquitectura romântica de Lisboa, preservado ao longo dos tempos, com o seu jardim de 1844, único nesta área histórica da cidade, tendo recebido em 1899 grandes obras de decoração de José de Queiroz, nas salas e na varanda aberta sobre o Tejo e o Castelo de S. Jorge. Uma actividade intelectual, de conferências, cursos sobre literatura, arte, arquitectura, economia politica, direito, ministrados por especialistas de renome, correu a par com uma vida mundana própria da sociedade do século. As suas salas, a biblioteca, o famoso gabinete de leitura de jornais foram frequentados por gerações sucessivas de sócios e a menção ao Grémio Literário encontra-se em muitas obras de autores célebres, como Teixeira de Queiroz, Abel Botelho, Ramalho Ortigão, Júlio de Castilho, G. Mattos Sequeira, e sobretudo em Eça de Queiroz, que nele localizou várias cenas de Os Maias – sabendo-se que, no prédio do lado, habitava Maria Eduarda, a maior criação romanesca feminina do século XIX português… As equipas de esgrima e de xadrez do Grémio Literário tiveram lugar honroso na vida lisboeta, ainda em princípios do século XX, e foi nas suas salas que se realizou, em 1912, a primeira exposição “modernista” registada pela História de Arte Portuguesa, nela tendo exposto pela primeira vez Almada Negreiros, que mais tarde seria sócio honorário do Grémio. Se a evolução dos costumes da cidade fez abrandar a frequência significativa do Grémio Literário até meados de Novecentos, nos anos 60 o seu papel cultural e mundano foi recuperado e, graças à direcção de Gerald Salles Lane, com grandes obras de decoração de Duarte Pinto Coelho e instalação de um bar e de um restaurante de qualidade, o Grémio Literário adquiriu um novo lustre, que a famosa conferência de Valéry Giscard d’Estaing, em 1969 e a colaboração na vinda, em 1974, da “Comédie Française” ao Teatro S. Luís, completaram. Um Centro de Estudos do Século XIX teve a sua hora, então, sob a direcção de Vitorino Nemésio, Joaquim Veríssimo Serrão, José-Augusto França, José Tengarrinha, realizando-se conferências, publicações, cursos e colóquios internacionais e enriquecendo-se a biblioteca de especialidade. Em meados da década de 90, um Conselho Literário reactivado passou a promover a apresentação de escritores (como Lídia Jorge, José Saramago, David Mourão Ferreira, Agustina Bessa-Luís, Sophia de Mello Breyner, Urbano Tavares Rodrigues), de livros recém-editados, de filmes em antestreia, de concertos, a realizar comemorações (de Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Eça de Queiroz, Balzac, Victor Hugo), realizando, anualmente, em 25 de Novembro, um jantar dedicado à memória de Eça de Queiroz, na data do seu nascimento. Uma larga correspondência com outros “clubs” e “cercles”, na Europa, nas Américas e em outros continentes, assegura um convívio internacional a professores, escritores, juristas, médicos, economistas, empresários, diplomatas, personalidades da política, como Chefes de Estado e Chefes de Governo, sócios deste Grémio que tem mais de um século e meio de existência, titular da Medalha de Honra da Cidade de Lisboa (1987), nomeado membro honorário da Ordem de Santiago da Espada (1996) e considerado de “Utilidade Pública” (1996) «pela notável actividade de uma das associações mais antigas da Europa e pela importância das acções desenvolvidas na defesa da língua portuguesa». Por portaria nº 206/2018 de 19 de Maio, o Palacete de Loures (onde se encontra sediado o Grémio Literário), incluindo o seu jardim e o património material e imaterial integrado, foi classificado, pelo Ministério da Cultura, como “monumento de interesse público”. No mesmo ano, o Grémio Literário foi reconhecido, pela Câmara Municipal de Lisboa, nos termos da lei 42/2017, como entidade de interesse histórico e cultural local. No âmbito da Comemoração do seu 175ª aniversário, em 2021, o Grémio Literário foi nomeado Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique, condecoração atribuída por Sua Excelência o Presidente da República, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa. Também os CTT - Correios de Portugal procederam a uma Emissão Filatélica sob o tema “175 Anos do Grémio Literário”, constituída por dois selos, um envelope e um carimbo comemorativo e a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu a Medalha da Cidade, entregue pelo seu Presidente, Engº Carlos Moedas. Em Setembro de 2022, a "Rede Sem Fronteiras", entidade cultural que desenvolve e divulga a cultura brasileira e lusófona,  distinguiu o Grémio Literário com o Troféu “Cultura Sem Fronteiras”, na categoria literatura, “por mérito e reconhecimento em promover o engrandecimento da cultura lusófona". Também, neste ano, a Academia Portuguesa de Gastronomia distinguiu o Grémio Literário atribuindo-lhe o Grande Prémio da Academia Portuguesa de Gastronomia, distinção que visa ”homenagear e celebrar entidades ou pessoas que, com grande dignidade, com ela tenham decisivamente colaborado no seu objetivo primeiro, a defesa patrimonial e o desenvolvimento da Culinária e da Gastronomia nacionais".